quinta-feira, 6 de outubro de 2016

35 anos, solteira, 2 filhos. E agora?

No grupo de amigas do Whatsapp, recebemos um convite para um encontro em uma belíssima casa de chá na Vila Madalena em São Paulo. O assunto não foi definido, pois seria aberto para todas de uma só vez. Especulamos todo tipo de situações ali mesmo no grupo diante da anfitriã que manteve o mistério com bom humor até o sábado à tarde.

Ocupamos uma mesa enorme e entre louças de chá e delicados doces, aguardamos paciente o que ela queria nos dizer. O que era tão importante? Sempre fomos muito unidas, uma pela outra em casamentos, gestações, crianças pequenas. Casa, casos, sim, alguns, trabalho, família. Uma irmandade balançada por posições políticas mas superadas com o mais amplo diálogo, aceitação e intermediação das mais moderadas entre nós.
Irmandade. Cumplicidade e companheirismo sempre nos uniu. Eu, secretamente temia a notícia, ela havia estado em médicos recentemente e temia que a época do grupo lidar com questões sérias de saúde havia chegado. Mas enfim, sem mais torturas, ela, bem humorada e muito inteligente, levou um mini flip chart e começou a desvendar o mistério.
Começou com montagens bem humoradas de fotos do seu casamento, uma noite radiante. Todas nós com nossos maridos e depois somente nós com a noiva. A gravidez de risco das gêmeas, as conquistas do trabalho, do apartamento. As inúmeras viagens da família e enfim o anúncio: SEPARAÇÃO. Ela nos contou rapidamente que já estava separada há uma semana. Era definitivo e os motivos eram diversos.  Então 35 anos, duas filhas, separada. E agora?
Diante das caras que estavam começando a entristecer ela se posicionou firme, não é o fim do mundo. Não estou infeliz. É triste todo o processo mas estou confiante que é a melhor maneira de resolver e que tudo ficará bem. Falou da guarda compartilhada das filhas, que ele também queria a separação e que tudo corria sem grandes traumas.
Diante de tudo aquilo, eu que sou a consultora financeira dela, ponderei: ela tem previdência, tem seguro em vida, tem seguro do apartamento, do carro, as meninas tem previdência infantil. O apartamento depois do longo planejamento que fizemos está praticamente quitado. O trabalho dela é sólido e lhe garante uma boa receita, ela não tem dívidas e eu sou uma capricorniana que primeiro vejo se tudo está bem nas questões práticas e de segurança financeira para só então ver o que de fato minha amada amiga estava tentando nos contar, que sua história de amor havia acabado. Que tudo bem ainda sermos amigas do ex marido dela, que ela estava bem e que não devíamos nos preocupar.
Realmente ela estava muito bem financeira e emocionalmente. Sua aposentadoria estava garantida com a Previdência que ela iniciou no seu primeiro emprego. E o amor era uma brisa suave que logo mais a agraciaria novamente, mas, segundo ela, seria cada qual na sua própria casa, pois ela gostava da sua cama cheia de travesseiros, de todos os seus produtos de beleza sobre a pia do banheiro, dos livros ao redor da cama, de música quando acorda e de viajar para lugares frios.
Sempre faço seus seguros de viagem, ela ama viajar, e se demora em pequenos antiquários e sebos mundo afora. O motivo de uma separação sempre está nas pequenas coisas que, com o passar do tempo cresce e se torna algo enorme na sala de estar. Ela nunca quis isso para ela. E sempre nos diz que, se acabou o amor, ou se o amor se transformar em amizade, tudo bem, mas cada qual no seu espaço. E ela respeitou em si a sua convicção.
Achei fabuloso ela poder escolher ficar o tempo que quiser com ela mesma. Não fazer e nem precisar viver dramas emocionais ou financeiros. Estar segura, protegida emocional e financeiramente e ter a dignidade da escolha e de viver bem. E para iniciar essa nova fase da vida, acabamos de fechar seu seguro viagem internacional para uma temporada na Islândia.










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